Opinião

O amor acabou? Não, apenas o limite do cartão mesmo

Dia desses, no sofá de casa, meu namorado - com quem moro junto há um tempo - virou pra mim e soltou, com a serenidade de quem anuncia que vai lavar a louça: "Esse ano estou segurando os gastos, não vai ter presente do Dia dos Namorados...".

Na hora, confesso: fiquei chateada. Não sou dessas que mede afeto pelo valor do presente, mas também não vou mentir que um mimo, uma surpresa, aquele simbolismo todo... faz diferença. Ainda mais quando o nosso feed está cheio de buquês, jantares com velas, caixas personalizadas e tudo mais.

Depois de respirar fundo, decidi olhar com um pouco mais de carinho para o que ele estava dizendo. A tal "redução de gastos" não é apenas um papo chato de quem está preocupado com as finanças - é um ajuste de rota necessário para quem, como muita gente, está tentando equilibrar contas num cenário de juros altos, inflação persistente e boleto que não falta.

O mais curioso é que é comum a gente se dar presente fora de data. Outro dia, apareceu com meu chocolate favorito depois do trabalho. Então, se a gente for colocar na ponta do lápis: o que importa mesmo é o cuidado no dia a dia, e não só na data marcada pelo comércio.

E aí vem a grande reflexão: o quanto essas datas comerciais nos pressionam?

O Dia dos Namorados é quase um Black Friday do afeto. Tudo vira oportunidade de compra: perfume com embalagem especial, jantar exclusivo por um preço indecente, buquê com taxa de entrega que dá pra comprar três cestas básicas. O problema é que, enquanto as vitrines piscam, esses gatilhos alcançam muita gente que pode estar com o orçamento no limite - ou já passou dele faz tempo.

E quando o dinheiro está curto, o romantismo pode virar uma fonte de estresse. Porque aí não é só o presente. É o que ele representa. O dinheiro entra na relação como uma régua de valor e isso é injusto com os dois lados.

Então, se você está com o orçamento apertado, ou simplesmente quer sair do automático, aqui vão algumas ideias de presentes que não comprometem seu bolso e ainda podem aquecer o coração (na esperança de que meu namorado chegue até aqui):

  • Cartas escritas à mão: sim, ainda existem e é só dizer o que sente.
  • Café da manhã na cama: não tem ingrediente melhor que o "feito por você".
  • Vídeo com fotos e memórias: um documentário do casal, com trilha sonora e tudo. Existem diversos apps de edição onde você escolhe os vídeos e eles já entregam a edição pronta. Não tem desculpa, hein?
  • Vale-presente de experiências: caseiras mesmo! Por exemplo, vale-massagem, vale-filme com pipoca, vale-dia sem celular.
  • Fuga da rotina: um piquenique no parque, um passeio diferente no bairro, ver o pôr do sol de mãos dadas.
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Essas são formas de mostrar afeto sem que o seu cartão de crédito entre em estado de alerta. Presentes são simbólicos, claro, mas não podem ser a régua do compromisso. A melhor declaração é aquela que se sustenta o ano todo, inclusive nas semanas de orçamento apertado, quando o maior ato de amor é replanejar a rota e improvisar - sem se endividar.

E quer saber? Acho que nesse Dia dos Namorados a gente vai fazer lasanha em casa, ver um filme e terminar com chocolate (sim, daquele que ele sabe que eu amo). Porque amor, quando é bem cuidado, não precisa de data. Mas se tiver sobremesa, ajuda

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